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terça-feira, novembro 30, 2004

Feriado 

1 de Dezembro 1640, restauração da independência.
30 de Novembro 2004, restauração da democracia.

Se hoje estivesse em Lisboa... 

Ia ver o concerto dos vinte anos dos Enapa 2000...
E aposto que se o Vieira fosse Presidente dissolvia a Assembleia... em diluente bem forte!

segunda-feira, novembro 29, 2004

O país... 

Isto vai ser assim. Santana e Sampaio reuniram-se hoje a primeira vez para discutir a crise causada pela demissão do Ministro da Juventude, Desporto e Reabilitação, Henrique Chaves. Como brilhante conclusão de uma hora de reunião entre dois advogados, um primeiro-ministro e outro Presidente da República, ambos com muitos anos de serviço em cargos públicos e a quem portanto reconheceriamos algum mérito e inteligência saiu... a necessidade de voltar a reunir na quarta.

Na quarta reuném e na quinta o Sampaio decide que na sexta vai dizer ao país que reúne com os partidos da oposição a partir da semana seguinte, de acordo com a disponibilidade de Agenda da Presidência da República. Isto leva três ou quatro dias porque também é preciso ouvir "Os Verdes" não só porque têm assento parlamentar mas também porque são só senhoras e ficaria mal não as convidar.

Ouvidos os partidos, o Presidente decide ouvir algumas personalidades para discutir a questão. Nestas incluem-se sempre e pelo menos o Cavaco, o Marcelo, o Jorge Miranda e o Ramalho Eanes. Aliás, protesto contra o facto de Manuela Eanes já não ser convidada para estas coisas. Nestes momentos de crise, estou certo que o seu penteado nos animaria a todos.

O PS desta vez não exige a dissolução porque senão o Sócrates tinha-se que demitir e era uma chatice.

O President (ler com sotaque francês) convoca o Conselho de Estado. O Natal, o Ano novo, o dia de Reis, o Sporting-Benfica a 9 de Janeiro e uma presidência aberta sobre a problemática da merda de gaivota nas Berlengas atrasam a data da reunião.
Lá para fim de Janeiro sentam-se à mesa. A votação (sobre se devem beber chá ou café) acaba 7-6 (a favor do chá) e o Alberto João e o Mário Soares insurgem-se violentamente durante o encontro (não necessariamente sobre a matéria em discussão).
Passado dois dias (portanto, já em Fevereiro) o cabeçudo faz uma comunicação ao país e diz que não vê qualquer razão para dissolver a Assembleia.

Moral da Historia: O mais desgraçado é o emigrante que nem sequer pode dizer: "No dia em que o Santana Lopes for primeiro ministro emigro…"

Histórias da bola 

Façamos uma pausa nas problemáticas multiculturais da Holanda (que as coisas por agora estão mais sossegadas) para falarmos de bola. Deixando de lado as problemáticas da redondinha lusa, que o glorioso arruina a saúde cardíaca de qualquer adepto não muito fanático (quanto mais de mim), façamos o resumo dos últimos meses.
- O Germinal, sem dúvida um dos melhores clubes do mundo senão da Europa vai de vento em popa. A sétima divisão holandesa (de amadores) revela-se bastante mais competitiva que a oitava e o clube luta por um lugar ao sol no meio da tabela. Para grande desilusão minha, o novo equipamento da equipa é igualzinho ao do FCP... Ultimamente, os jogos têm sido adiados devido ao mau tempo...
- Agora dedico-me também ao futsal. Aí, claramente os portugueses destacam-se dos holandeses (modéstia à parte). Aqui, a nota de destaque vai para o facto de o nosso guarda-redes ser um jogador profissional de futebol. Não um qualquer mas um dos titulares indiscutíveis da equipa principal do Feyenoord. Ele é tão bom ou tão mau que até aparece no Championship Manager, esse jogo de computador que é a verdadeira semi-bíblia (que bíblia só há uma) dos loucos da bola. Enfim, parece que aqui ele até pode ser inscrito como amador pela nossa equipa de futsal... outra forma de estar no desporto, definitivamente.
- Por último, dizer apenas que parece que agora na Holanda, se um árbitro se sentir excessivamente insultado ou achar que a exaltação dos adeptos pode por em causa a sua segurança, ele tem poderes para interromper o jogo. Em partidas do PSV Eindhoven já aconteceu duas vezes. Eu por enquanto prefiro dizer que eles são um bocado mariquinhas... De qualquer forma, se a moda alastra a terras lusas...

quarta-feira, novembro 17, 2004

Multiculturalismo 

Começemos pelo antes...

A Holanda sempre se orgulhou da sua tolerância. Religião, drogas leves, gays, meninas em janela, tudo o que noutros países "desenvolvidos" ou não é causa de inúmeros problemas, discussões e traumas/divisões existênciais é aqui aceite e tolerado.

Contudo, está atitude (e penso que isso até já foi aqui dito) não é bem aquela que nós pensamos cá existir. A tolerância holandesa passa sobretudo pela discrição e pela aceitação do que os outros fazem na sua esfera privada. Ou seja, drogas ou meninas sim senhor mas não à minha frente. Daí as coffeeshops e as montras. Uma ganza (charro, erva fumada) no meio da rua ou uma prostitutita de esquina são fenómenos socialmente mais ináceitaveis em Roterdão ou Amesterdão do que em Lisboa (ou Bragança).

Vem isto a próposito do multiculturalismo. Os holandeses orgulham-se de ser multiculturais. Basta olhar para a selecção de futebol. Eles acolheram milhares de indónesios, eles receberam metade da população do Suriname aquando da independência deste país, etc.

A própria relação dos "holandeses" (aqui entendidos como cristãos, originários da Holanda, etc.) com o Islão é bastante boa. A maior mesquita da Europa está a ser construída em Roterdão, existem inúmeros bairros turcos, não existe um clima de antagonismo (como existiu à uns anos na Alemanha). Contudo, os nativos sentem-se chocados com um ou dois detalhes.

O primeiro é a afirmação da religião. Esta é entendida como algo pessoal, por isso grandes manifestações de fé ou a própria utilização de lenços a cobrir a cabeça das mulheres é algo visto como contra natura.
Segundo, existe um problema de integração das segundas gerações. Os primeiros emigrantes esforçaram-se por se integrar o melhor possível. Contudo, ao contrário do que é habitual, a segunda geração não é nascida já na Holanda mas emigra aos 15, 18, 21 anos... Isso provoca um choque cultural imenso em pessoas com demasiada energia acumulada. A rap é árabe. As vitórias do Fenerbahce ou do Galatasaray são celebradas nas ruas holandesas. E tudo isto mesmo com a obrigatoriedade de frequência de um curso de integração por todos os candidatos a visto de residência.
Por último, a explosão demográfica. Diz-se que os muçulmanos não aceitam os costumes ocidentais. Que insultam as mulheres que não tapam o cabelo. Não sei se é verdade. Duvido até que seja. Mas contudo, e isso é que importa, é voz corrente que as famílias turcas ou marroquinas tem mais filhos, que daqui a dez ou vinte ou cinquenta anos haverá mais turcos que holandeses em Amsterdão, etc. Isso cria um clima, mais colectivo que individual, de alguma ansiedade.

Ora, os Holandeses não estão habituados a climas colectivos que cobrem tranversalmente toda uma grande parte da população. E é neste ambiente multicultural que se dá o assassinato de Theo van Gogh, realizador de cinema.

terça-feira, novembro 16, 2004

Vivos 

Estamos vivos. Todos. Por motivos vários não temos deixado aqui os nossos testemunhos. Espero que ainda tenhamos amigos virtuais que queiram ler o que escrevemos.

Mais uma vez fica a promessa da actualidade desportiva. E fica sobretudo a promessa da tentativa de descrever, do lado de cá, os tempos conturbados que se vivem na Holanda.
Voltarei.

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