Expatriado

Será talvez a obra mais impressionante em exposição no Museu Rainha Sofia. Ao vivo tem outro impacto. Merece visita só por isso mesmo.

Irmãos,
Continuemos então com a visita a Madrid. Antes de mais, a impressão geral da cidade...
Parece (digo que parece pois gosto de restringir os meus conhecimentos da história de Espanha apenas aos momentos em que eles levaram na cabeça dos portugueses) que foi Felipe II (em má hora I primeiro de Portugal) que decidiu fazer da cidade, localizada quase no centro geográfico da Espanha a capital do Império. E é isso que Madrid ainda é um pouco e antes de mais nada. A capital. Por todo o lado se respira uma certa necessidade de demonstrar o espanholismo. Existem gigantescas bandeiras nacionais nas principais praças do país, para não falar de imagens dos vários membros da familía real... Sobretudo em fim-de-semana de Boda.
Depois vê-se que, apesar de tudo, houve algum planeamento inicial da cidade. Avenidas largas e sobretudo muito extensas, uma rede de metro provavelmente do melhor que há do mundo (ainda por cima com vozes que o Manu Chao usou nos seus cd's), uma certa preocupação em ter a cidade arrumadinha.
Agora, para quem como Gil Eanes vive num país nórdico não deixa de causar impressão o caos. É impressionante como 6 meses apenas de sociedade desorganizada causam tal habituação. É bem pior que qualquer outra droga que eles aqui tenham. E depois, é giro como em duas horas apenas de voo se muda de jantar as seis e meia para jantar nunca antes das dez... Europa tão pequena e tão grande...
Por fim, a impressão que Madrid tem um centro turístico até relativamente pequeno e que se vê bem em poucos dias. Mas é curioso que sendo a capital europeia mais próxima (apenas 600 km) será uma das mais desconhecidas do turista português.
Traumas antigos?

Irmãos,
Começamos a descrição das desventuras do herói Gil e sua cara-metade em terra dos vizinhos derrotados pelo fim. Por ares nunca dantes navegados...
Espera Gil pela hora de embarque quando ouviu uma voz que lhe disse: "Vai começar a bola e tu ainda aqui!". Chega a hora de embarque, passa a hora de embarque, passa a hora do início do jogo e Gil espera e desespera... E ouve outra voz... E pensa Gil "É pá, se continuo a ouvir vozes deixo de ir às coffeshops".
Mas afinal era o comandante que se tinha deslocado à sala de embarque. Havia que explicar motivo de tal atraso.
A princípio, Gil pensou numa gigantesca conspiração internacional para o impedir de ver a vitória do Porto mas depois disseram-lhe que o avião em que ia viajar tinha sido atingido por um raio ao chegar a Madrid...
Gil teria ficado um bocado acagaçado se não fosse um intrépido e temerário navegador. Mas depois pensou para os seus botões (Gil é bem e ao contrário de outros usa camisa):
- Vou voar no avião mais seguro do mundo!
Passo a explicar. O avião estava a ser vistoriado pelos engenheiros da companhia. Ora, quantos aviões é que são verificados imediatamente antes da partida? Além disso, qual é a probablidade de um avião ser atingido duas vezes por um raio no mesmo dia?

Resultado? Estou aqui, pronto para relatar as viagens em terras de Gonçalves Zarco.
Mas isso fica para amanhã...

Costuma-se dizer que esta é a mais portuguesa das palavras. Que só nós é que verdadeiramente sabemos o que é sentir. Que é o mais genuíno dos sentimentos. Deixo-vos a minha teoria...
Onde quer que um português vá, ele insere-se no meio envolvente... São milhares as histórias de compatriotas que emigram por uma temporada e acabam por ficar toda uma vida. Isso acaba-se por notar se comparar-mos com outros emigrantes. Aqui, na Holanda, ainda que a comunidade portuguesa esteja minimamente organizada, somos amadores comparados com qualquer outro povo. São centenas de lojas e restaurantes turcos, indianos, italianos, chineses, balcânicos, indianos, paquistaneses, para meia dúzia de cafés e mercearias portuguesas.
Daí que as outras comunidades, em certa medida, nunca se integram. Vivem sempre um pouco à parte. O português não. O português joga futebol no clube do bairro. O português sai com os colegas do trabalho e leva-os a casa para provar bacalhau. O português emigra solteiro (excepção aos navegadores deste espaço) e casa com uma nativa. O português cria raízes.
Por isso, o português tem saudades. Muitas. Cada dia é um dia em que ele gostaria de estar em Portugal. Mas, mais curioso, o português sabe que vai ter saudades dos amigos que fez, dos momentos que passou, dos lugares que conheceu. Porque só assim é português.

Navegarei até Madrid (por ares e mares interiores...) nos próximos dias. Relatarei aventuras e desventuras após o regresso.

Hoje é a primeira noite em que sinto verdadeira falta de estar em Lisboa. Em Alcântara, no Marquês de Pombal, no Rossio... Onde fosse! Num sítio onde passassem os carros a apitar, onde pudesse abraçar e cumprimentar aqueles que sofrem e sofreram como eu, num sítio onde pudesse olhar o céu português e pensar naqueles que perdemos este ano... Enfim, num sítio onde pudesse cantar vezes sem conta aquelas três letras que me enchem a alma!
Lisboa... Passei a tarde no café com o teu nome. Sorri. Sofri. Senti os olhos cheios de lágrima bem no finzinho. Lisboa, gostava de estar aí esta noite. Celebra por mim!

Dias Loureiro Quer Transformar Portugal Numa "Imensa Madeira".

"Loureiro, afirmando-se "um PSD da Madeira", declarou que nesta região está "o melhor que há da democracia" e que "é difícil encontrar no mundo outro lugar onde a mão de Deus e do homem tenham trabalhado em tanta sintonia"."

Eu, por via das dúvidas, vim andando para a Holanda...

Aproveitando a visita de um amigo italiano, passamos um belo dia em Amsterdão. Na minha primeira visita a impressão não tinha sido boa. Agora, devo confessar que a cidade me pareceu mais interessante: As coffeshops, o bairro da luz vermelha, o Dam, a zona comercial, a Rembrandtplein... Sem dúvida, uma cidade que merece uma visita.
Contudo, não deixo de pensar que a cidade é demasiado confusa para meu gosto... São muitos turistas à minha volta. E parecendo que não, emigrante não é turista, mesmo quando faz turismo... Por isso, é díficil encontrar um sítio para comer sem ser tratado como um pato-bravo que acabou de chegar...
Foi também alvo de visita a World Press Photo 2004. Em Amsterdão, a exposição fica instalada na Oudekerke (Igreja Velha), o que dá um ambiente espectacular... Para não falar das fotografias em si... Sublimes... Sugiro visita ao site para ver as datas em que estará em Portugal... Vale a pena!

Consumou-se a conquista do campeonato. No jogo contra a equipa dos turcos pequeninos, uma vitória expressiva (nem sei o resultado...) e mais um jogo em que os adversários se foram embora a meio, chateados vá-se lá saber porque... Foi bonita a festa pós jogo. Flores, discursos, banhos de cerveja e champanhe... Enfim, um regabofe.
Por isso para o ano esta estrela rara do futebol luso-holandês vai brilhar na Sétima divisão de reservas dos campeonatos nacionais amadores dos Países Baixos. Espéctaculo!!!

Finalmente, há um jornal português disponível nas livrarias e tabacarias holandesas. É verdade. Uma das publicações nacionais decidiu aproveitar a rede de distribuição da imprensa turca e vai de testar se as vendas correm bem ou não e se a ideia tem pernas para andar.
Trata-se de uma edição europeia, onde as notícias chegam com um diazito de atraso... Género o jornal de hoje fazia capa com as acusações da Juve Leo aos jogadores do Benfica, o que era uma notícia de ontem... Mas de qualquer forma, é sempre bom ler informação em português.
Só há um problemazito. O jornal é o 24 Horas...

Pois é, parece que os navegadores tripeiros não querem comemorar a vitória do seu clube... Tem que ser o lampião de serviço...
Quer-se queira, quer não qualquer vitória de um clube português numa competição europeia é uma vitória de todos os portugueses. Já era dessa opinão quando vivia em Portugal e defendo-o ardentemente agora que estou no estrangeiro. Hoje foi dia de sacramental cumprimento. Poucos foram aqueles que não deram os parabéns, que não vieram perguntar quem era este ou aquele jogador ou pelo menos perguntar se tinhamos visto o jogo.
Por essas e por outras, espero que sejam Campeões Europeus!

Aqui, o dia da Liberdade comemora-se hoje, 4 de Abril. Foi há 59 anos que as primeiras tropas canadianas entraram em território holandês e começaram a libertar o país dos nazis. Amanhã é também feriado por causa disso.
A 2ª Guerra Mundial parece estar ainda bastante marcada na mente desta gente. Às oito da noite todo o país parou durante dois minutos. Além disso, as bandeiras estavam a meia haste por todo o lado. Em Amsterdão, a família real (elas de preto, eles nas fardas militares) prestaram homenagem aos falecidos, na presença de vários veteranos de guerra, numa cerimónia transmitida em directo por TODAS as televisões. Se fosse em Portugal, a TVI fazia um especial morangos com acúcar para ganhar audiências...
É um bocado estranho, porque para nós portugueses a 2ª Guerra Mundial passou bastante ao lado e nem sequer sabemos as datas mais importantes da sua evolução. Aqui, muita gente ainda guarda algum rancor aos alemães, especialmente aqui na zona de Roterdão, que foi arrasada por um bombardeamento no início da guerra.
Foi de facto um momento um pouco estranho para mim. Mas compreendo-os...

O fim de semana futebolístico foi de contrastes. Acabou bem, com a vitória benfiquista amplamente celebrada no Café Lisboa mas antes disso o Germinal, o mais internacional clube de Roterdão, perdeu 2-1 com o Blijdorp, num jogo que podia ter ditado a subida de divisão. Agora, temos que ganhar à equipa do Activitas, já aqui referenciada como a equipa dos turcos com menos de um metro e sessenta com quem eu ia andando à porrada!
O dia não correu de feição aos jogadores portugueses na Holanda já que também Mauro Almeida, ex-Estrela da Amadora e actualmente a militar no Zwolle, se lesionou a aliviar uma bola... Ossos de ofício...

Cortar o cabelo continua a ser uma aventura. Para escapar aos preços exorbitantes, desta vez fomos à Nederlandse Kappersakademie. Que é mais ou menos à escola de cabeleireiras. Resultado: A rapariga cada vez que punha a tesoura no cabelo encolhia-se toda com medo... Mas não ficou muito mal... Até a professora que veio ver no fim disse que estava bom...

Ontem, 30 de Abril foi o Koningsedag ou Dia da Rainha. Ao que parece, era a data de aniversário da falecida rainha Juliana. São vários os acontecimentos que marcam este dia, a saber:
- A rainha Beatriz desloca-se todos os anos a uma localidade diferente. Este ano foi a Groningen. Enquanto a família real desfilou pela cidade foi fácil ver que eles são extrememante populares e a que se deve essa mesma popularidade: A forma extremamente simples como contactam com a população.
- Depois, muita gente se veste de laranja. Não é TODA a gente como me tinham dito mas mesmo assim é bastante gente. A cidade parece o Pontal em dia de comício PSD...
- Em cada cidade instala-se o caos através de Vrijmarkt (ou seja Mercados Livres), em que cada pessoa pode ir para o meio da rua e vender as bugigangas que tem lá por casa. Aliás, o espírito livre espalha-se por mais coisas, visto que a tolerância holandesa é sempre bem regulamentada... Ao que parece 30 de Abril é o único dia em que o Café Lisboa pode instalar um fogareiro na rua... Por isso ontem houve frango no churrasco e sardinha assada. Mas infelizmente só descobrimos hoje...
- Finalmente, o objectivo do dia e também da noite anterior: Beber até cair!!! É impressionante a quantidade de gente na rua, muita para comprar tralha mas muita mais para beber cerveja.
Fica a sugestão. Para o ano, venham à Holanda por altura do Koningsedag!